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Insuficiência Respiratória Aguda
17/02/2014
Publicado por: Sarah Gomes Diógenes

1.       Introdução

A insuficiência respiratória aguda é definida como a incapacidade do sistema respiratório em captar o oxigênio e/ou remover o gás carbônico do sangue e dos tecidos do organismo. Ela se instala em minutos ou horas e se caracteriza por instabilidade, isto é, a troca gasosa piora a medida que o quadro clínico evolui. Para o bom funcionamento da respiração, os seguintes órgãos e sistemas devem estar bem harmonizados: Sistema nervoso central, nervos periféricos, músculos respiratórios e caixa torácica, vias aéreas superiores e inferiores, parênquima pulmonar e sistema cardiovascular e hemoglobina. Os três primeiros citados acima são conhecidos como “bomba” ventilatória, seus prejuízos levando a uma hipercapnia. Uma afecção no parênquima pulmonar ou nas vias aéreas resultam em prejuízo da oxigenação, sendo mantida a eliminação de CO2. Falhas em um ou mais componentes do sistema respiratório pode levar ao quadro de insuficiência respiratória aguda (IRespA).

 

2.       Classificação

A IRespA pode ser classificada em: Hipercápnica, hipoxêmica e mista.

- Hipercápnica: elevação do PaCO2 acima de 45 a 50 e pH<7,34. Normalmente ocorre por doenças neuro-musculares, overdose de sedativos.

- Hipoxemixa: PaO2< 55 a 60mmHg. Normalmente ocorre por pneumonias graves e Síndrome da Resposta Respiratória Aguda.

- Misto: ocorre quando há hipoxemia grave associada retenção de CO2 com acidose respiratória.

 

3.       Diagnóstico

Podemos realizar o diagnóstico através da oximetria de pulso de O2 (normal: 90-93%) e a gasometria arterial para a sua confirmação, classificação, avaliação da gravidade e escolha da terapêutica. Além desses exames devemos realizar: Rx tórax, EC, provas bioquímicas e hemograma. Clinicamente o paciente apresenta o que chamamos de desconforto respiratório (hipoxemia com ou sem hipercapnia). O desconforto respiratório engloba: alteração do estado mental, agitação e/ou sonolência, sinais de aumento do trabalho respiratório (batimento de asa de nariz, musculatura acessoria, retração, tiragem, taquipnéia, respiração paradoxal), cianose central, sudorese, taquicardia, hipertensão.

 

4.       Terapêutica

O tratamento é essencialmente de suporte e apresenta como objetivos principais: aliviar o desconforto respiratório, reversão da acidose respiratória e da hipoxemia, fornecer uma oferta de oxigênio adequada aos tecidos do organismo. A suplementação de oxigênio se faz necessária na grande maioria dos casos. Os principais meio de fornecer o O2 para o paciente são: cateter nasal, máscara facial de Venturi, máscara facial de aerossol e máscara facial com reservatório. Para avaliar a resposta à oxigenoterapia devemos avaliar a relação PaO2/FiO2 (valores normais ficam entre 450 a 500. Valores < 300 indicam parênquima pulmonar com áreas com shunt).

OBS: A oxigenoterapia não reverte a hipercapnia.

O suporte ventilatório mecânico está indicado com os seguintes objetivos: alívio do desconforto respiratório, correção da acidose respiratória e da hipoxemia, reversão da fadiga muscular respiratória, reversão e/ou prevenção da atelectasia, diminuição do consumo de O2 da musculatura respiratória, aumento da oferta de O2 aos tecidos e diminuição da hipertensão intracraniana. Na grande maioria dos casos se fará necessária a intubação traqueal. Vale ressaltar que trata-se de uma procedimento com indicação em bases clínicas, não se devendo aguardar resultados de gasometria arterial para a tomada de decisão quanto a intubação. Nos casos menos graves, contudo, o suporte ventilatório com pressão positiva pode ser ofertado de forma não-invasiva por máscaras ou interfaces especiais.

 

Bibliografia: http://xlung.net/manual-de-vm/insuficiencia-respiratoria-aguda